16 de junho de 2014

Transporte na Educação dos Ribeirinhos.


Uma das Faces da Educação no Brasil é entre os "Povos Ribeirinhos" no Amazonas.
Uma educação onde o transporte é bem diferente do que estamos acostumados.
Hoje, depois de muitos anos de dificuldades, são barcos  grandes, seguros e rápidos que levam todos os dias as crianças e adolescentes para a escola mais próxima de sua casa.
Barcos com proteção do sol, das chuvas e com coletes salva-vidas para todos os alunos. 









Durante muitos anos o transporte era a maior dificuldade para ir à escola.
Muitos iam remando nas suas canoinhas de madeira, por horas - revezando entre colegas, sem nenhuma proteção do sol ou da chuva. 
E quando o rio seca, os alunos tem que andar pelo meio da floresta ou pelas beiras, onde o rio antes estava, enfrentando lama, bichos peçonhentos e o sol escaldante.





Nesta comunidade onde vivi, durante muitos meses não tivemos dificuldades de transporte.
Mas se um dia eles estragam; a ida à escola se torna difícil outra vez.
Quando uma peça do motor estragou, ficamos meses indo à escola com um barco mais precário. Um barco de alumínio, com motor "rabeta" e sem cobertura.
Certo dia, ao levarmos as crianças pra casa, o tempo estava se formando pra chuva, e o rio ficou bem agitado, com ¨banzeiros" e ventos muito fortes.
Durante a viagem o medo tomou conta de todos os alunos, da professora (eu) e do condutor.
Ainda não tinha enfrentado o rio agitado num barco pequeno desse. 



No barco grande em mais ou menos quinze minutos faríamos esse trajeto, mas com o barco de alumínio com motor "rabeta" fizemos em uma hora ou mais, pois os "banzeiros" do rio estavam muito agitados e faziam com que atrasasse a viagem.

E, assim, enfrentamos a tempestade.
Com a proteção de Deus, todos chegaram "são e salvos" em suas casas, mas com a certeza que com esse transporte não enfrentaríamos o rio novamente.




Depois daquele dia, o diretor da escola decidiu esperar o concerto do barco, pois não queria que as crianças passassem por esse perigo.
Muitos podem pensar: "Mas eles não tem seu próprio transporte, seu próprio barco? Por que não o usam?"
Sim, muitos tem seu próprio barco, mas na maioria das vezes não tem o combustível. 
Então o jeito seria ir remando.



Hoje em dia, enfrentar o rio a remo é muito mais complicado e perigoso. 
As pessoas já perderam o hábito, os pais geralmente trabalham na roça ou pescando e tem problemas de saúde.
Além desses fatores, o tráfego no rio aumentou, trazendo muitos barcos maiores e potentes que se tornam um perigo para pequenas embarcações.


Por: Flávia Moro Fernandes Santarém.







Dicionário:


Motor Rabeta: Tipo de barcos com motor e hélice traseira, não muito funda, usado em rios de pouca profundidade. Motor à gasolina ou à óleo diesel, com uma haste comprida e hélice na ponta.


Banzeiros: Ondas formadas pelo vento ou por outras embarcações.





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